Publicado no blog de Cristiane Barreto

Tive o imenso prazer de assistir hoje a defesa de tese de Doutorado da Professora Cássia Lopes no Cabaré dos Novos – Teatro Vila Velha. Conheci Cássia quando fazia ainda a graduação em Interpretação Teatral, por volta de 1996 ou 1998, na Escola de Teatro – UFBA sendo sua aluna nas disciplinas Literatura Dramática I e II. A admiração e respeito pela sua leveza, simplicidade e inteligência já se faziam presente desde este período. Faltava em mim, e isto sinto muito hoje, a maturidade necessária para envolver-me nos assuntos e temáticas levantadas nestas disciplinas por ela. Mas, mesmo assim, enxergava qualidades que considero de alto valor para um professor universitário. Quando vi a divulgação de sua defesa não tive dúvidas: será um momento único e imperdível. E assim foi. Ao ouvir os elogios de toda banca ao desempenho de Cássia sobre o tema: “Gilberto Gil: A poética e a política do corpo” foi apenas a confirmação do que já sabia. Foi extremamente significativo e prazeroso em um momento de tantos conflitos e questionamentos em relação ao universo acadêmico que vivo. Ouvir Cássia sistematizar seu pensamento em torno de alguém como Gilberto Gil é algo curioso, desafiador e instigante. Vê-la analisar os momentos distintos da obra de Gil a partir de músicas como Refestança, Realce, Refazenda e Refavela foi imensamente revelador. Vê-la desfilar imagens metafóricas em relação à obra de Gil foi enriquecedor. Vê-la falar sobre os duplos de Gil como Luiz Gonzaga e Dorival Caymmi foi instigante. Vê-la abordar autores com tanta propriedade como Focault, Deleuze, Freud, Nietzsche e tantos outros foi estimulante e, sobretudo desconcertante. Discussões interessantes foram travadas sobre a politização da estética e a estética da política, a imprecisão da palavra cultura, o papel conflitante do ministro artista, o movimento da Tropicália, dentre outros. Enfim, sai desta aula-defesa me sentindo estimulada a acreditar que existe luz no fim do túnel.